A censura postal militar austro-húngara durante a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918).

Áustria-Hungria foi uma das potências que protagonizaram a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918). Também conhecida como Império Austro-Húngaro, ela foi uma monarquia dual que reuniu territórios dos antigos Império Austríaco e Reino da Hungria, entre os anos de 1867 e 1918.

A monarquia austro-húngara foi regida pela Casa de Habsburgo, cujas origens estão situadas no século XIII, sendo sua história relacionada com a trajetória monarquia brasileira, pois a primeira imperatriz do Brasil, Maria Leopoldina de Áustria, era filha do imperador Francisco I.

Um cartão postal circulado.

Observe a figura a seguir:

Coleção do autor.

Trata-se de um cartão postal circulado entre a cidade de Rodna Veche (Romênia, 03/XII/1916) e o endereço telegráfico 189, alusivo a 202a. Brigada de Infantaria do Exército Real Húngaro (Hovend). Seu destinatário era um certo Dr. Szarka Gyula, Tenente nessa unidade.

Correspondência circulada pelo Correio de Campanha do Exército Comum (K.u.K.), isenta de selo postal e verificada pela censura postal militar, conforme indica o carimbo de censura aplicado próximo do carimbo datador, com a seguinte inscrição: "K.u.K. ZENSURSTELLE [...] [palavra ilegível]".

Detalhe do cartão postal com destaque para os carimbos datador e de censura postal militar. Coleção do autor.

K.u.K.

Entre as potências que lutaram na Primeira Guerra Mundial, a força terrestre austro-húngara, devido à sua composição, era única. A monarquia dual resultou na formação de três exércitos independentes:
  • Exército Comum ou Imperial (Kaiserlich und Königlich - K.u.K.);
  • Exército Austríaco (Landwehr);
  • Exército Real Húngaro (Hovend).
Cada um desses exércitos tinha seu próprio Ministério da Guerra, seus Estados-Maiores e seus orçamentos que eram votados anualmente pelo Parlamento.

O Exército Comum era a principal força combatente, formada por efetivos austríacos e húngaros, sendo os outros dois exércitos nacionais. Contudo, tal como no K.u.K., os efetivos dos Exércitos Austríaco e Húngaro serviram em tempo integral.

Ou seja, não eram combatentes de "segunda-linha" ou "temporários". Eram forças terrestres profissionais, não milícias.

Embora independentes, o imperador Francisco José I era o Comandante em Chefe dos três exércitos, cujos efetivos eram totalmente leais. A legitimidade da monarquia dual vinha de três fontes: os Exércitos; a Igreja; a aristocracia.

E o Correio de Campanha? E a censura postal?

Apesar de independentes, o Correio de Campanha e a censura postal estiveram sob responsabilidade do Exército Comum, daí a presença da sigla "K.u.K." em marcas e selos postais.

Mas isso é uma outra história para outra publicação 😏.

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O autor gostaria de agradecer do fundo do seu coração ao filatelista Zoltan Bergmann, do grupo público de Facebook "FILABRAS - Associação dos Filatelistas Brasileiros", pelo auxílio na tradução do húngaro para o português.

Referência.

SOLDADOS DAS GUERRAS DO SÉCULO XX. Exércitos austro-húngaros na I Guerra Mundial. Madrid: Edições del Prado, 2005.

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