Um zeppelin prateado.

A primeira metade do século passado foi uma época de entusiasmo com a aviação. O futuro estava no céu, dominado pelos aviões e dirigíveis.

Os dirigíveis alemães LZ 127 Graf Zeppelin e LZ 129 Hindenburg foram as expressões icônicas desse imaginário. Suas viagens representaram grandes avanços e inovações nos transportes e nas comunicações, em especial, nas comunicações postais.

O LZ 127 e a história postal.

O batismo do dirigível LZ 127 ocorreu no dia 8 de julho de 1928. Segundo o historiador Cristiano Rocha Affonso da Costa (2020), o Graf Zeppelin era composto de uma estrutura rígida de duralumínio, sendo seu interior ocupado por dezessete células independentes de hidrogênio, somando um total de 240 metros de comprimento por 35,5 metros de altura. O LZ 127 esteve em serviço entre os anos de 1928 e 1937.

Entre 1930 e 1937, o Graf Zeppelin fez sessenta e oito viagens para o Brasil (COSTA, 2020).

O trânsito entre Europa e América do Sul era lucro certo. Especialmente, com as malas postais transportadas pelo dirigível. "O volume entre Europa e América do Sul era maior que da Europa com a América do Norte", informa Costa (2020, p. 90).

Segundo esse autor:

"Na primeira viagem o Graf Zeppelin trouxe ao Brasil 10.125 cartas em suas malas postais" (COSTA, 2020, p. 90).

Nas palavras do então "CEO" da operadora do dirigível, o Dr. Hugo Eckener, o valor total das malas postais transportadas chegava a cem mil Dólares (COSTA, 2020).

Os "zeppelins" e  a Filatelia.

Através dos serviços de correio aéreo, o Graf Zeppelin e o Hindenburg enobreceram o colecionismo filatélico. Receber uma correspondência transportada em suas malas postais era motivo de orgulho e prestígio.

Selos de alta qualidade sobre os quais eram batidos carimbos limpos e produzidos especialmente para a ocasião tornavam um bilhete, um cartão ou um envelope itens históricos. Marcadores de uma memória acerca de uma época de otimismo no presente e de fé no futuro.

De Berlim para Hansa.

Os "zeppelins" entram nas minhas coleções através da "Alemanha Reich", período da história postal alemã que coleciono e estudo.

O envelope a seguir é um dos itens da minha coleção:

Frente do envelope. Coleção do autor.

Envelope circulado entre as cidades de Berlim (Alemanha, 13/IX/1933) e Hansa (SC, carimbo de chegada ilegível). Trânsito por Friedrichshafen (Alemanha, 16/IX/1933) e Florianópolis (SC, 20/IX/1933).

Carta aérea transportada da Europa para o Brasil na mala postal do dirigível LZ 127 Graf Zeppelin, conforme indicam o carimbo datador de 16 de setembro, aplicado em Friedrichshafen, cidade de embarques e partidas do LZ 127, e o carimbo comemorativo da 7a. viagem do dirigível à América do Sul aplicado sobre o verso do envelope: "1492 / 1933 / LUFTSCHIFF GRAF ZEPPELIN / 7. SÜDAMERIKAFAHRT".

No Brasil, transporte até Florianópolis através de avião da empresa aérea Sindicato Condor, em consórcio com a operadora do LZ 127, segundo revela outro carimbo também aplicado sobre o verso do envelope: "SERVIÇO AÉREO TRANSATLÂNTICO / CONDOR-ZEPPELIN. 2. VÔO SETEMBRO DE 1933".

Detalhe do verso do envelope com os carimbos citados anteriormente. Coleção do autor.

O valor facial dos selos postais fixados sobre o envelope, 1,50 RM, corresponde ao porte da época para cartas aéreas com até 20 gramas para a América do Sul.

Referência.

COSTA, Cristiano Rocha Affonso da. Os zeppelins nos céus do Brasil: uma visão sobre as viagens ao Sul do país e o Nazismo no pré-Segunda Guerra Mundial. Curitiba: Estrondo; Matilda Produções, 2020.

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