Selos postais com defeitos são colecionáveis?

Uma das primeiras lições que aprendi com o saudoso "seu" Bruno, lá na Associação Filatélica de Joinville - AFJ, durante minha adolescência vivida no final do século passado, foi que devemos colecionar selos perfeitos.

Seja novo ou usado, os picotes devem estar íntegros, o verso sem estar adelgaçado, cuja goma esteja impecável. Ou, no caso de um selo usado, com carimbo limpo e sem manchas de charneiras no verso. Enfim, selo detonado não rola em uma coleção 👎.

Contudo, existe um conjunto de defeitos que, além de colecionável, torna o selo defeituoso muito mais valioso que um exemplar perfeito.

Ué, como assim?

Grosso modo, são defeitos que ocorreram durante alguma das etapas de produção de um selo postal, seja em uma unidade de produção pública, a exemplo da Casa da Moeda do Brasil, ou privada, tal como a American Bank Note Co., nos Estados Unidos. Trocando em miúdos, são defeitos de produção.

Eu coleciono e estudo os defeitos de produção ocorridos nas três primeiras emissões comemorativas alusivas à participação militar brasileira na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945). Seguindo a cronologia e a numeração do catálogo RHM, são as seguintes séries: Vitória dos Aliados (C-198/202), lançada em 08/V/1945; FEB (C-206/210), lançada em 18/VII/1945; Homenagem à Força Aérea Brasileira na Itália - FAB (C-246), lançada em 18/VI/1949.

Plié ou plissado.

Observe atentamente a imagem a seguir:

Coleção do autor.

Trata-se de uma sextilha de selos mint pertencente à série comemorativa Homenagem à Força Aérea Brasileira na Itália - FAB. Infelizmente, devido à luz sob a qual a fotografia foi tirada, o tom de azul parece mais claro que o "azul arroxeado" mencionado pela catalogação nacional.

Se você ampliar a imagem, observará um "risco" branco sobre os três selos situados na coluna direita da sextilha.

Conseguiu enxergar? Não? Então, veja a imagem a seguir:

Coleção do autor.

Está melhor agora? Conseguiu ver o "risco", né?

Então, esse "risco" é um defeito de produção denominado plié ou plissado. De acordo com Pereira e César (s.n.t., p. 79), em seu léxico filatélico, um selo postal plissado corresponde às "dobras acidentais produzidas durante o processo de impressão".

Segundo Peter Meyer, a plissagem, normalmente, "gera uma faixa branca e, às vezes, esta faixa é bem grande". Ainda nesse autor, dependendo das dimensões do defeito, ocorre uma valorização ainda maior do selo postal.

Portanto, de uma forma geral, o selo a ser colecionado deve estar em perfeito estado de conservação, seja ele mint (ou "fresco do correio', como dizem os alemães), novo ou usado ("carimbado"). Contudo, existem defeitos ocorridos durante o processo de produção de um selo postal que são colecionáveis e elevam significativamente o valor de mercado o selo defeituoso.

Porém, são defeitos específicos, cuja constatação deve ser confirmada ou refutada mediante estudo entre pares ou por meio da emissão de um certificação de autenticidade emitida e assinada por comerciantes filatélicos renomados, a exemplo de Peter Meyer ou José Luis Fevereiro, grandes feras da filatelia brasileira 👍.

Referência.

PEREIRA, A. C.; CÉSAR, C. D. Manual de Filatelia. s.n.t.




Comentários

  1. Olá Prof. Wilson,
    As vezes eu tenho lá minhas dúvidas se devemos dar valor aos defeitos de fabricação. É bem verdade que o sistema de controle de qualidade empregado nem sempre conseguia detectar certos defeitos. Mas considerando que o conhecimento destes defeitos significa também conhecimento filatélico, assim essas peças, se bem descritas na coleção, podem resultar em alguns pontos a mais pelos jurados.
    Sendo assim, ao encontrarmos algum selo que não corresponde bem ao selo padrão, convém guardar e estudar a causa do defeito. Vai que ele tem mesmo valor.

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