Defeitos de impressão em selos: deslocamento de cor.

Desde a época dos Olhos-de-Boi, os selos postais brasileiros são impressos através de técnicas variadas, tais como a Calcografia, a Litografia e o Ofsete.

A impressão em ofsete talvez seja a técnica com a qual as pessoas mais entram em contato. Afinal, impressos em larga escala, a exemplo dos jornais, são impressos em ofsete.

De acordo com Antonio F. Costella (2018), não existe um inventor da técnica de impressão em ofsete. Suas origens estão situadas no desenvolvimento da Litografia, durante o século XIX. Segundo esse autor, em 1895 apareceu a primeira impressão em ofsete a cores, impressa em papel contínuo. Costella (2018) conclui que, na ausência de um "inventor", o emprego dessa técnica de impressão em escala industrial foi iniciado por Ira Rubel, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, em 1904.

Sobre o funcionamento da impressão em ofsete, Costella (2018, p. 105) explica que:

"[...] no ofsete a impressão é indireta [...]. O cilindro-matriz passa a tinta da imagem para um outro cilindro, revestido de borracha, que por sua vez a repassa para o papel. Daí o nome ofsete, aportuguesado de offset, do inglês to set off, de uso corrente, na linguagem gráfica da época, quando a tinta da folha impressa, mas ainda não seca, sujava a impressão seguinte. A palavra serviu, por fim, para expressar a ideia de transferir tinta de uma superfície para outra" [itálicos no original].

FEB.

Em 18 de julho de 1945, o Departamento dos Correios e Telégrafos lançou uma série de selos comemorativa em homenagem à Força Expedicionária Brasileira - FEB, formada por cinco valores - 20 centavos, 40 centavos, 1 Cruzeiro, 2 Cruzeiros e 5 Cruzeiros. Os selos foram impressos sobre papel filigranado "O" (CASA MAIS), em folhas de 90 selos casa, com picote 11 (MEYER, 1985).

A técnica de impressão empregada nas oficinas da Imprensa Nacional foi o ofsete. Essa não foi a primeira série de selos postais impressa no Brasil através dessa técnica que, durante a primeira metade do século passado, ainda não estava plenamente difundida e, principalmente, dominada.

Deslocamento de cor.

É comum encontrar nessa série exemplares com um defeito de impressão conhecido como deslocamento de cor, o qual, segundo Peter Meyer (2012) produz no selo postal afetado graus variados de deslocamento, grande, pequeno, etc.

A seguir, dois exemplares da minha coleção com cores deslocadas:

Coleção do autor.

É o segundo valor da série (RHM, C-207). Observem atentamente a cobra fumando: sobre sua cabeça não há um ponto preto, que lembra, um topete? Cobrinha com topete, que chique 😂🐍. Na verdade, trata-se de um sutil deslocamento de cor, pois esse "topete" nada mais é que o olho da nossa cobra tabagista, que deveria ter sido impresso dentro daquele pequeno círculo branco abaixo do "topete". Na minha opinião, esse foi um deslocamento leve, que só poderá ser constatado através de uma imagem digitalizada e ampliada ou do uso de uma boa lupa 🔎.

O próximo exemplo corresponde ao último valor da série (RHM, C-210), mint. Nesse caso, houve um forte deslocamento da cor vermelha aplicada sobre a folha durante a última etapa do processo de ofsete, em que foram aplicadas as cores sobre as molduras dos emblemas do 5. Exército dos Estados Unidos e da FEB. Provavelmente, o resultado de um problema de regulagem da impressora, que gerou um forte deslocamento de cor para a esquerda.

Coleção do autor.

Referências.

COSTELLA, Antonio F. Introdução à gravura e à sua história. 2. ed. Campos do Jordão: Editora Mantiqueira, 2018.
MEYER, Peter. Catálogo de selos do Brasil 2013: completo de 1648 - 2012. 58. ed. São Paulo: Editora RHM Ltda, 2012.
MEYER, Peter. Catálogo de selos Brasil 85. 43. ed. São Paulo: edição do autor, [1985].


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